Este encontro foi promovido pelo Departamento de Língua Materna em parceria com a Biblioteca da ESA, actividade inserida no Projecto de Leitura Contratual das turmas B, C ,F,G e I do 10ºAno, da professora Fernanda Lamy.
Foi diante de uma plateia curiosa e vibrante que Ricardo Araújo Pereira começou por fazer um breve resumo da sua biografia. Sem tiques de vedeta, com serenidade e espontaneidade, confidenciou-nos que desde muito cedo quis ser escritor, porém os pais achavam que ninguém pode viver da escrita mas o futuro veio provar o contrário!...
Frequentou as aulas de escrita criativa com o professor Rui Zink e foi assim que começou a dar os primeiros passos.
Assumiu com frontalidade que nunca teve jeito para representar e que na escola, quando se tratava de peças de teatro era o último a ser escolhido. Ricardo a sua veia teatral desabrochou substancialmente, pois nós não nos esquecemos dos seus sketches imitando: Scolari, o professor Marcelo Rebelo de Sousa e ainda o nosso Primeiro-ministro.
Fez referência ao seu trabalho como guionista das “Produções Fictícias” e explicou em que consiste o trabalho do humorista que segundo ele”deve olhar para as coisas como se fosse a primeira vez, com um olhar diferente tal como uma criança.” Realçou ainda que se serve da “sua fulgurante imaturidade” para escrever.
Oportunamente, Ricardo Araújo Pereira aguçou a curiosidade dos nossos alunos, despertando-os para a leitura. Disse que na adolescência leu muito e continua a ler.
Tendo sido questionado sobre os seus escritores favoritos nomeou: Miguel Esteves Cardoso, Shakespeare, José Saramago e Lobo Antunes. Prosseguiu, deambulando por obras e autores, falando, ora em tom sério ora em tom de brincadeira com os tais “olhos de humorista.”
Com tempo e disposição para alguns autógrafos!
Fez referência à escrita de Lobo Antunes onde os leitores deduzem tudo sem que o autor lhes diga nada, recordou as primeiras páginas do Memorial do Convento de José Saramago, destacando as preocupações do rei em relação à descendência e relembrou-nos o sobrinho interesseiro e a tia beata da obra Queirosiana: A Relíquia. Que interessante ouvir falar assim de literatura!...
Sendo um benfiquista ferrenho, Ricardo Araújo Pereira contou-nos um pequeno episódio da sua vida, onde convenceu os pais a dar boleia a Eusébio da Silva Ferreira (seu ídolo) até ao aeroporto, rematou dizendo: “os meus pais não se aperceberam que nesse dia levaram no carro um ser divino”.
À semelhança de Gil Vicente dos tempos modernos, Ricardo Araújo Pereira conseguiu através do seu livro: Boca do Inferno dar vida à máxima: “A rir castigam-se os costumes.”
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